O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de Pernambuco tem como data de fundação o dia 27 de novembro de 1947, ou pelo menos essa é a data que registra a sua Carta Sindical. No entanto, a história da organização sindical dos jornalistas pernambucanos começa um pouco antes, em 1941, segundo registro feito pelo jornalista Luiz Veloso, na abertura do primeiro livro de atas do Sindicato dos Jornalistas do Estado de Pernambuco.
No seu histórico, Luiz Veloso relata que um grupo de jornalistas, tendo à frente Jorge Abrantes, organizou, em 1941, a Associação Profissional dos Jornalistas. O grupo “lutando com dificuldades de toda ordem”, conseguiu atingir o objetivo, inclusive percorrendo casas comerciais a fim de construírem um patrimônio inicial.
A campanha deu resultados: receberam doação de móveis, dentre os quais suspeita-se, um porta-chapéu com espelho que ainda hoje faz parte do acervo do Sindicato. Conseguidos os móveis, o problema, agora, era a falta de uma sede pra as reuniões. Os móveis, então foram “depositados” na sede do Sindicato dos empregados no Comércio.
“Passada essa fase, o desânimo se apoderou dos organizadores da Associação, sendo praticamente encerradas as suas atividades.”, segue o relato de Luiz Veloso. Sem fazer referência a data, ao menos o ano preciso, ele conta que um novo movimento se processou para reorganização do Sindicato e que os antigos diretores – sem mencionar nomes, que também não foram encontrados nos registros no Sindicato – renunciaram, elegendo-se uma nova diretoria presidida pelo jornalista Newton Farias. Os esforços de um grupo de associados, tendo à frente o próprio Luiz Veloso, Lúcio Coura Góes e Aristófanes de Andrade conseguiu que o Ministério do Trabalho reconhecesse a transformação da Associação em sindicato. Porém, a Carta de Reconhecimento – novamente não há alusão à data – deu o título de Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Recife.
Segundo Veloso, mais uma vez a falta de apoio da categoria fez com que o Sindicato deixasse praticamente de existir ( não cita data). “A Diretoria não se reunia – continua Veloso – nem praticava qualquer ato, nem mesmo os relativos à organização de sua Secretaria e Tesouraria.” Em 1952, outro grupo de jornalistas tentou reerguer o Sindicato, preparando e chegando mesmo a publicar editais de convocação de Assembléia Geral. Surgiram duas chapas. Uma encabeçada por Luiz do Nascimento e outra por Geraldo Seabra. Um movimento de unificação apontou como candidato de conciliação o jornalista Sócrates Times de Carvalho. Porém as eleições foram adiadas, acarretando novo desinteresse. As eleições não se realizaram.
A ausência do sindicato no dia-a-dia da categoria acentuava as dificuldades de organização refletindo na falta de reajustes de salários. Naquele tempo os reajustes eram concedidos em nível nacional. Em 1953, o Congresso Nacional, por decisão do Senado, arquivou o projeto de lei que tratava do aumento salarial dos jornalistas, que já havia sido aprovado pela Câmara Federal após dois anos de tramitação. Naquele mesmo ano, o V Congresso Nacional de Jornalistas, realizado em Curitiba, aprovou como resolução a necessidade de organizar a categoria nos estados em que não havia Sindicato. Os jornalistas pernambucanos, Luiz Veloso e Leocádio Morais, presentes ao Congresso, foram escolhidos para integrarem a Comissão de Organização sindical e receberam a incumbência de reorganizar o Sindicato de Pernambuco.
De volta ao Recife, Veloso e Leocádio encontraram “um amplo movimento nesse sentido, levado a efeito por um grupo de jornalistas, cujos nomes ficaram consignados em termo lavrado na Delegacia Regional do Trabalho”. Uma vez que o sindicato encontrava-se acéfalo, foi criada, através de Portaria do MTB, de 21/09/53, uma Junta Governativa, composta pelos jornalistas Leocádio Morais, Luiz Veloso e Dirceu Orange Wanderley que organizou a secretaria e Tesouraria do Sindicato e convocou eleições para o dia 21 de dezembro de 1953.
De acordo com a ata da referida eleição, o pleito transcorreu com tranquilidade das 9 às 19 horas do dia 21 de dezembro de 1953, sob a presidência do jornalista Leocádio Morais. Nesse período, compareceram 36 votantes, “quórum suficiente de acordo com a lei”, relata Luiz Veloso. Foram eleitos os jornalistas Amílcar Neves (presidente), Luiz do Nascimento (secretário) e Dirceu Orange Wanderley (tesoureiro), todos com 35 votos. Como suplentes: Aristófanes Trindade, Paulo França e Sólon Cabral de Moura, com 36 votos cada. Repararam na contagem dos votos? Se o secretário de atas não se enganou na redação, os suplentes tiveram um voto a mais que os titulares! Para o Conselho Fiscal, foram eleitos como titulares: Múcio Borges da Fonseca, Romildo Gomes e Jorge Campelo, todos com 36 votos. Ficaram como suplentes: Paulo Viana, Félix Peixe e Guilerbaldo Moreira, também com 36 votos.
A assembléia Geral, fixou o dia sete de janeiro de 1954 para a posse, mas essa só aconteceu numa solenidade realizada na sede da AIP, no dia 18 de janeiro. O presidente da Junta Governativa, Leocádio Morais, instalou a sessão e convidou o delegado do Trabalho, Rubem Prazeres, para assumir a presidência dos trabalhos e dar posse à diretoria eleita. O presidente empossado, Amílcar Neves fez seu discurso “abordando a situação da classe e o trabalho a ser desenvolvido pelo Sindicato em favor de seus associados”.
Na solenidade esteve presente o representante da Associação da Imprensa de Pernambuco, Reinaldo Câmara que usou da palavra para se “congratular com a reorganização do Sindicato, preenchendo-se uma lacuna na vida do jornalismo profissional do Estado”. Além dele, Lamartine de Holanda, representante da classe comerciária do Recife, conclamou os jornalistas para ajudá-los “no trabalho de soerguimento do sindicalismo em Pernambuco”.
Fonte: Livros de atas do SinjoPE
Pesquisa e redação: Fábia Gomes